sábado, 23 de julho de 2016
TRANSFIGURAÇÃO
Todos os mares;
Todos os rios;
Cada manhã;
Cada verão;
Cada olhar;
Todos os gestos;
Os mais tardios
E os mais precoces
Ocasos;
As confusas pernas;
As inconsistentes salivas;
As tênues asperezas
Nas línguas;
As mesmas estrelas mortas
E a não mesma terra
Ainda vendo, indo;
Os bafos de inverno;
As madrugadas dos atos
Inconsequentes;
As filhas prontas;
As novas camas;
Os novos amores
Pesados em se ter amado
Um dia;
As Babilônias;
As choupanas;
As luas e os bêbados -
Estranho prêmio ao brilho;
Os cânceres;
Os hospitais;
Os hospícios;
Toda a loucura
Classificada e polida
A vida;
Marte logo ali;
A sarjeta fria;
Os tubarões;
Os supermercados;
A televisão;
O dia diferente
Do homem diferente
Da vida diferente
Dos iguais;
As ilhas;
A política;
A polícia;
Os mocinhos e
Os bandidos;
As fomes
Nascendo e morrendo
Feito homens;
As fragatas;
As matas;
O pó;
O asfalto e as
Filosofias;
Os mártires
Anônimos das tramas;
O fogo;
Heráclito;
As revoluções;
O pensamento;
O vento;
Cristo;
As árvores e os capins;
A noite de espera;
Um novo filho;
A guerra e, no fim
Da terra,
Os voos;
Os carros;
As drogas;
As missas;
Os domingos;
Semanas;
Impérios;
Napoleão;
Mistérios;
Santos;
Josés, Marias e
Eternos encantos
Encantando;
Marés;
Peixes inspirando
Redes;
Paredes;
O fim do outono;
As primas;
As rimas e,
Simplesmente
Naquele brilho
Despretensiosamente
Já visto, com espanto,
Você, rindo sem saber
Da eterna trama,
Num canto.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário