sexta-feira, 29 de julho de 2016

TALVEZ OUTONO



Vou inventar, de novo,
Minhas noites
E os açoites serão suaves;

Terá brisa de janela aberta
Ventando a triste lua-cheia.

Você, sem dúvida,
Tem cheiro de colheita
E volta todo ano
A passear os pastos.
É fácil quando dormem -
Por que teimas maltratar-me?

Se quiser inventar, de novo,
Minhas noites
Do fundo do meu sono
Você não entristecerá
Os melancólicos rios mudos
Com gosto de estrada cansada

E de tanto lugar nenhum
Vai dar em nada.

Você tem cheiro
De roça de algodão à tarde -
Talvez não saiba
(Nem ninguém saberá) -:

Meus versos têm preguiça
E demoram a sonhar.

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