Maria era bonita
Por uma ou duas coisas
Que não sei.
Beleza sentida de não-ver.
Diziam que Maria havia chorado muito -
Seu rosto tinha mesmo um seco.
Todo o agreste de Maria espremia o peito e,
O que primeiro parecia rude,
Depois deixava a gente menino.
Mais que pátria, Maria era infância -
Chão que a gente leva até o fim
E usa quando a vida aperta a garganta.
É... Maria deve ter chorado muito mas,
Ver-sentir-estar perto de Maria
Era árvore ancestral guardada;
Galho e vento na quase nunca combinação de volta;
Querer chorar de vontade alegre -
Um pouco do seco de Maria
Era ter pequeno um segredo de deus
E não saber muito o pra quê.
Maria tinha a chave e não sabia,
Ninguém também não.
O adestramento cínico de feto e ataúde
Agonizava no ar de pálpebras
E trejeitos boca-mão-simples estar de Maria.
Maria estava sem mais querer
E este nascia feito rugas do seu rir.
Rir Maria era o mundo com cachorros,
Brinquedos,
Medos de escuro
E coragem de morte;
Era entender o mar de praia e o de fome:
Maria era navio escondido;
O segredo do escuro do Sol no outro lado -
O lado de cá -;
O cochicho do beija-flor no vaso murcho -
Outra língua.
Um dia Maria chegou sem porque
E trouxe a chuva -
Inventamos a roça
E aprendemos a chorar -
E, sem porque
Maria foi embora:
Teve um seco de falta
E de ser grande.
Depois a chuva aprendeu Maria
E nós não:
Daí nasceu a carne.
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