sexta-feira, 10 de março de 2017
ACALANTO DE HORA VAGA
É fim de estrada mesmo
E eu já nem vejo Deus,
Mate-me agora
E reze depois.
Minha busca tua saliva
Já não têm religião
Cuspa meus olhos
No fel da tua luz.
Nossos estômagos, ao avesso,
Ruminam lençóis de chaga,
Dentre as vidas de outras vidas
Acalanto em hora vaga.
Vagabundo que eu sou,
Já não encontro paz
Na fenda abrindo teus olhos
À impiedosa manhã.
Vagabundo que eu sou,
Eu sou
Teu amor jogado fora
Sem o meu consentimento.
Vagabundo que eu sou,
Eu sou
A sombra da minha risada
Em teu arrependimento.
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