"Nobody feels any pain
Tonight as I stand inside the rain..."
Bob Dylan
A chance de fluir junto ao fedor,
Através dos buracos nas meias
E dissolver, no suave escuro,
Desligando todos os estéreos.
Mas não! A América vela por seus filhos.
Eles precisam pastar os escarros
E os excrementos, esbaldados
Em latões enferrujados nos becos e esquinas
- A mesa posta na América!
Pagando a lerdas prestações
O preço da integridade -
Um lacaio, levando no ombro leproso
A cruz de Prometeu -, sem culpa.
Cães sarnentos, caranguejos,
Cânceres, úteros inseminados
Em navalhas cegas -
A piedade desdentada baixando guarda -
O membro voraz e ereto de Nosso Senhor.
A ferida comendo a América
Em meio ao resto de tesão
Nas pernas, abertas e nuas,
Entre lençóis sifilíticos e vivos -
Dez dólares desmembrando a vagina da América!
Todos os vermes da América
Ricocheteiam na malha branca e preta
Do abismo surreal, na ponta do nariz
E carcomem a sobra da razão -
Enquanto corvos esperam a cirrose mal-passada.
A chance de esvair-se, furtivamente,
Do sonho da América e cair
Por trompas de acrílico, grafites e dejetos
Antes, bem antes dos tempos -
Fetos saudáveis flamejando o asfalto da América!