sexta-feira, 7 de outubro de 2016
CEMITÉRIO DE AVIÕES
Uma coisa o céu disse
E eu não ouvi.
Você também não.
Já faz algum tempo
Que nós não somos
Mais atenciosos, não é?
Não temos mais visto e,
Porém,
Estamos tentando -
Outras salivas
Que não as de
Cigarro apressado.
Outras mortes.
Esta nossa mania de querer,
De simplesmente.
Algumas flores
Jogadas no vento.
Pra que tanto perfume vão?
Não temos mais
Jeito com rosas.
Esquecemos como se é forte.
Outro dia é tudo.
O sol, a alma rasa,
Casa de anteontem,
Destelhada -
Todo o concreto
De não ter chão -
O inferno.
Nosso demônio banguela,
De sorriso amarelo,
A estrada de depois...
Vamos chorar nossa vontade
Escondida de orgulho.
Outras pernas,
As mesmas penas,
Cachorros pitocos
Em frente ao dono -
Um mar,
Depois da meia-noite,
Sem tubarão e água suja.
Daqui a pouco
A cegueira de ver
Um ao outro,
Nada que já não temos -
Treinamos com afinco
Quando a distância é pequena,
Mas ainda é.
Só sinto alguma coisa
Que não digo.
Você também
Não disse mais nada.
Tem um círculo
Quebrado em volta da terra:
Uma linha esquecida.
De repente,
Haverá um mar sobre nós
E estaremos longe
Da ilha de sol,
De gaivotas.
Esse negócio de história
Assusta!
Vão haver espelhos
E sempre haverá alguma coisa
Mais ou menos igual.
Talvez então a ilha,
Vivendo uma história requentada,
Não nossa.
Quem foi inventar a saudade?
Pura pretensão.
Mas sinto alguma coisa
Que não digo.
Depois dessa de telefone
Temos visto o diabo
Mais de perto.
No meio de nossa gente
Faminta,
Portas trancadas
E um seco de vinho
Escapando sem querer
Em fim de madrugada.
Haverá uma lua-cheia
E depois mínguas
E águas em janeiro,
Mas daí até a sede
Muitos camelos.
Olha lá o sol
Em cima da tua cabeça!
Eu tenho este peso.
Talvez, daqui a pouco,
Nem mais cabelos;
Talvez,
Muito na frente,
Ainda viva minha gente e,
Numa venda,
Lá quando era ontem -
Calabresas na parede,
Estórias de tarde -,
Entre um pouco de você
Pra levar sol
Quando você estiver em casa.
Pode ser que eu
Caia em mim,
Com mão enrugada
E um copo quase acabado -
Como pude ficar
Tão velho tão ontem
E nem esperar você crescer...
Pingas,
Minha gente
E estorias de fim de tarde.
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