sexta-feira, 9 de junho de 2017

CARAVELAS



Um menino sem ver o mar
Acredita-o em azul
Degolando borrascas,
Rabiscando em algodão
E espumas.
Talvez teus sonhos
Sejam águas cansadas
E, por pouco que forem,
Céu enxuto,
Dando vazão a pardais
E atormentando canções
Nas grades
Das bocas dos violões.

Um menino sem ver o mar
Em sede,
Nos olhos de chuva.

Um livro de poemas
Esquecido na borda
De uma cratera lunar.

Na areia parda
Uma brisa de menina
E um cão a passear.

Um menino sem ver o mar
Espera caramujos no ouvido,
O ondear fazer sentido,
Ventando praias
E vestidos.

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