sexta-feira, 19 de maio de 2017

TARDIA MÚSICA

























Malvado o cerne de tua beleza.
Uma teimosia de aroeira, tosca,
Quando todas as torres da terra,
Tortas, vomitam tijolos grisalhos,
Os fornos, cansados, teimam filhos
Do ventre dos díspares entardares -
Os frangalhos, os cascalhos e o revolto
De tudo aquilo que resolveram chamar estrada
Assentam, displicentemente,
As curvas do teu colo,
Corando semblantes mármore
Nas eternas musas helenas.
De permanente desvario,
Percorro as sombras do bêbado
Enfastiando auroras,
Comendo telhados escarpados,
Sugando todos os chãos,
Sangrando mandíbulas e rascunhos,
Tentando firmar teu bronze
Que voa.

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