sexta-feira, 12 de maio de 2017

SONETO DE RECAÍDA















Só um sonho. Foi nada. Só um sonho.
Porteiro das fugas desesperadas
Toco ecos, soco as horas quebradas...
Foi nada. Só um silêncio medonho.

Bulia o pó a sombra desvairada
Tosca, rasgando um sufoco enfadonho,
Felando rastros num estupro tristonho,
Quando os risos voavam em bocas caladas.

Foi nada. Só um sonho renitente
Juntando restos, ordenando as frestas,
Calçando em chumbo cada pé dormente

Mas, depois do estupor a alma resta
Reta, dileta, estupefatalmente
Ciente de que tudo acaba em festa.

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