Faço do céu
Uma porca poesia
Desmedida;
Poesia não-vida,
Casa com janelas,
Sacrilégio
Nosso
Que mastigamos
Aragens
E vomitamos
Trens-de-ferro
Em tapetes.
E então, moça,
Como estão as estrelas
Que te deixei?
Cuidas bem delas?
Tantos mundos soltos
Precisam de carinho...
Olha lá, não vá dormir
Na vigília -
Teu mundo pode perder-se,
De novo,
No meu céu escuro:
Sou covarde, sou covarde
Ou, no mínimo,
Quando volto pra casa,
Na madrugada,
Só são estrelas que te deixei
A sombra nos meus olhos?
Helen is on your best side
Loockin' to the lights
Shinnin' in your hair
In the mirror,
When the heaven
Moves to the side of sadness
In the sea.
The foot in the sand
Of sideral winds,
Makin' your love
To be the beginnin'
And the wave's pray
Of your boat
Coloured by gray.
Se uma flor boba
Caísse dos teus pés
Etéreos,
Feito samba clássico,
Morreria tonto,
Sem querer saber de vida.
Mas flores
Não sonham besteira -
Pelo menos acredito -,
E, acreditando bobeira,
Vivo lúcido
E aflito.
Se uma flor morena
Fosse meu amor e só,
Deixaria teus cheiros
Secretos
Brincarem açucena
Só e louco,
Louco de dar dó
Na serena trama
Amena
De morrer
Na tua pena.
E,
Se morena fosses
Minha,
Por certo já era,
Mas não me convinha.
Não são só nuvens
Lógicas;
No estreito do pálido
Ocaso
Uma enseada
Se desenha
E as andorinhas
Não-contentes
Do verão
Beliscam de perto
Nossa mais improvável
Paixão,
Talvez
Um beijo
De cabeça pra baixo,
Talvez -
O triste desejo.
No bojo do pinho uma sede
Desenhando miragens de orvalho,
Colorindo de lua o jardim,
Ansiando aceno de galho.
No bojo do pinho o feitiço,
Em reza mal acabada,
Esperando recair à flor
Um beijo de asa quebrada.
O cheiro de nuvens
Esconde a lua
E perfuma cordas
De solidão.
O céu tão perto
Assim da rua
Deixa tão alto
O portão.
Duas estrelas,
Só de pirraça,
Piscam faceiras
Em tom de punhal profundo,
Que vem queimar,
Em febre cachaça,
Um já torto peito
De um menestrel vagabundo.
Minha mais precoce morte:
Matar-te pela segunda vez.
Domingo à tarde vai ser triste:
Complexo de cannabis;
Vias interditas;
Medos de espelhos:
Restam-me Assises
Sem Franciscas
E, também
Sombras de outrem
Na sombra
Do não querer acender a luz.
Garganta tapada de cigarro.
Só cigarro?!
- Ar viciado.
Não tenho nem fim nem meio
E hoje pago pra ver.
A lua é irmã
E os amanhãs
Têm lei a favor.
Eu que sou rei
Costuro tripas
Em meio a brumas
De sábados
E cachaças vãs,
Sabendo rumos
Dos prumos
Desatentos dos avós,
Esperando árvores
Noturnas,
Tortas,
Das conversas pagãs.
O amanhã tem suas leis
E a vida se mostra
No contra e no a favor,
Vida e torpor
De carvalhos distantes,
De velhas romarias
Em estradas esquecidas
E assombradas.