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Os poemas perambulam
Na calada dessa noite
E apenas ludibriam
A vigília do escrever.
A caneta conta gotas;
Ouve a sede estorricada
Deste beiço que metralha
Só palavras barricadas.
Escrever é uma guerra
Sem o viço da vitória,
Pois o sangue verte a página
Saturando toda história.
A saudade é portuguesa
Pela honra castelhana;
No sossego do mineiro
A blasfêmia italiana
Pulsa firme em cada artéria.
Coagula cada rua
Sangue ruim dessa ibéria,
Que por em si não caber
Inunda o ventre do mundo
Emprenhando amanhecer
E, no gozo mais profundo,
Pari tosca a miséria.
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