sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018
CARAMETADE
Quem me dera o tempo
Em que saudade era
Não ter você!
O mundo anda longe
De ser perfeito
E eu nem o quero assim,
Mas por que esta metade de mim
Que andava perdida
Me dói tanto
Em mim fundida?
NIETZSCHE
A história paga o pato
Por ser o avesso do fato.
Mas eu sou poeta nato:
Só escrevo enquanto me mato.
A BELEZA QUE RESTOU NUM POEMA ANTIGO
De volta à velha casa
Do levantar cedo,
De sóis distantes
Muito aquém às paredes...
(...)
Líquens e rodas de carroça,
Carroça sem rodas.
(...)
sábado, 17 de fevereiro de 2018
POBRE PREGÃO
DITIRAMBO
FILOLOGIA
Em cada ato de ler
Há um poeta que morre
E um poema que nasce.
Toda poesia que se preza
Tem a singeleza e o ultimato
De um gesto de adeus.
sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018
RAREFAÇÃO
Venham, poemas sem pensar
E me pesem, novamente,
A inconsistência do ar:
Dez mil e quinhentas
Vezes dez
Toneladas de voar
Sufocando meu pesar.
sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018
FUGA Nº 01
CARNAVAL
Podem me dizer o contrário
E me provarem por a+b
Mas, no Carnaval,
Se a vida realmente
Vai para a avenida
E eu vejo o que todo mundo vê,
A tristeza se fantasia
De alegria.
MISSING HOME
As peças soltas
Na eterna brisa
Do tempo.
O jogo de recompor
Começa com a dor
Vestindo outra cor.
Quero ao meu lado
Todo o sangue derramado.
Ainda que eu bendiga
O leito da fadiga.
CRÍTICA LITERÁRIA
Os versos livres
São versos
Bêbados
Que esbarram
Nas
Rimas
Tropeçam no ritmo
Dodecassílabo
(Os tão
Famosos
Alexandrinos?!)
Se
Espatifam
Nas
Quadras
E dormem na sarjeta da página.
LEGADO
Os poemas perambulam
Na calada dessa noite
E apenas ludibriam
A vigília do escrever.
A caneta conta gotas;
Ouve a sede estorricada
Deste beiço que metralha
Só palavras barricadas.
Escrever é uma guerra
Sem o viço da vitória,
Pois o sangue verte a página
Saturando toda história.
A saudade é portuguesa
Pela honra castelhana;
No sossego do mineiro
A blasfêmia italiana
Pulsa firme em cada artéria.
Coagula cada rua
Sangue ruim dessa ibéria,
Que por em si não caber
Inunda o ventre do mundo
Emprenhando amanhecer
E, no gozo mais profundo,
Pari tosca a miséria.
sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018
TOCAIA
Vigio, com precisão
Milimétrica,
Minhas possibilidades
De poesia.
Se o verso me escapa
É um tiro pela culatra
Que mira hoje,
Mas acerta outro dia.
O EVANGELHO SEGUNDO SARAMAGO
Esse negócio de amar
Ainda nos fará
Perder o chão
E o pão de cada dia
Não será tormento,
Mas fermento
Na nossa alegria.
ESTIO
O cheiro do campo
Lavado pela chuva
Me agride e,
Estupefato,
Caio em mim.
Sobressaltam novas cores
Tingindo em mim
Velhos amores:
Será esta alegria
Verde melancolia
Ou esta tristeza
Azul turquesa?
Caindo em si,
Velhos amores
Sobressaltam nocas cores
Mas a brisa ao pé do ouvido
Me cochicha carmesim:
Tudo isso já foi tido
E,estupefato, caio em mim.
MENTIRA DESLAVADA
O cachorro não mija no pé do poste,
Não senhor.
Muito pelo contrário,
Ele rega o pé do poste.
Na verdade que o seduz,
Este vaso sanitário
Desabrocha flor de luz.
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