sábado, 26 de agosto de 2017

PETER PAN



Já tenho a idade de um pai
Que filosofa feijão e inflação.
Deve ser mesmo complicado 
Ser herói
E até fácil
Estrangular flores
Que teimam perfumar
Pétalas-pássaros
No vento assoviando
As grades de gaiola,
No lado de fora.

A maldição de ter o chão
Até onde a vista alcança,
Ter asas assanhadas
Nos pés dormentes,
Numa terra tão bonita,
De moças tão bonitas,
Tão bonitas.
Meu livro mais antigo
Tem a idade de um filho

E ainda não sabe andar!

Já tenho a idade de um pai
Mas, há tempo,
Já não sei chorar.

Sou forte até quando quiser!

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